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DISPLASIA COXOFEMORAL

28/03/2024 19:21:39

DISPLASIA COXOFEMORAL

O QUE É DISPLASIA?

DISPLASIA = DIS (mal) + PLASIA (forma), é a má formação das articulações coxofemorais. Incide em todas as raças de cães, principalmente nas grandes e de crescimento rápido. Atinge igualmente machos e fêmeas, podendo comprometer uma ou as duas articulações, especialmente as duas. Schnelle (1930) descreveu pela primeira vez a displasia coxofemoral e Konde (1947) comentou sua origem hereditária. Em 1959, Schales descreveu-a como má formação e indicou o exame radiográfico para o diagnóstico. Wayne e Riser (1964) relacionaram o crescimento rápido e precoce e ganho de peso de pastores com transmissão genética. Henricson, Norberg e Olsson (1966) consideraram-na como má formação hereditária e a subluxação consequente da alteração anatômica.

TRANSMISSÃO

A transmissão é hereditária, recessiva, de caráter poligênico, intermitente; porém, pode receber influências de manejo e ambientais (multifatorial). O COMBATE DEVE SER MEDIANTE SELEÇÃO. Com relação ao manejo do animal e ao meio ambiente, é fundamental evitar os traumas, sejam eles da obesidade, dos trabalhos precoces, dos exercícios forçados, dos pisos lisos, etc.

COMO OCORRE

As estruturas que auxiliam na manutenção das articulações são: cápsula articular, ligamento acetabular transverso, musculatura da região, ligamento redondo, pressão negativa intra articular e ampliação do acetábulo pelo lábio glenoidal ou ligamento acetabular. A alteração inicial é o aumento do líquido sinovial e tensão sobre as estruturas moles que mantém a articulação anteriormente mencionada. A seguir, afrouxamento destes tecidos moles, com perda da intimidade articular, podendo ocorrer arrasamento da cavidade acetabular (ossificação ou calcificação do aspecto acetabular medial), subluxação (deslocamento lateral da cabeça femoral) normalmente como o primeiro sinal radiográfico, edema, atrito, desgaste da cabeça femoral (perda da sua superfície articular arredondada, tornando-se achatada e menos distinta do colo femoral) e ruptura ligamentosa. Por fim, a artrose secundária. Do quarto ao vigésimo dia de vida, o animal começa a caminhar e, se nesta ocasião já existir sub luxação (instabilidade), haverá alteração dos pontos de apoio com modificação da arquitetura articular.

CONSEQUÊNCIAS
A displasia pode provocar muitas dores, andar imperfeito, afetando a resistência do animal.

QUANDO E COMO SE MANIFESTA

A sintomatologia aparece principalmente entre quatro e sete meses de idade e se baseia na dor, claudicação, maior dificuldade de locomoção em lugares lisos, atrofia muscular, mobilidade excessiva ou reduzida, dependendo da fase (aguda ou crônica, respectivamente) e crepitação ao exame clínico da articulação. O diagnóstico é realizado somente com o auxílio dos raios X, mediante posicionamento correto. E este posicionamento é conseguido principalmente através da anestesia geral, já que estamos frente a uma patologia muitas vezes dolorosa e de um cão geralmente grande. Com relação à anestesia, salienta-se que, se feita com drogas modernas e com cuidado, o risco cai praticamente a zero. Referente ao equipamento radiológico, sugere-se um não muito pequeno.

COMO CONTROLAR

Todos os animais usados na reprodução devem passar por um controle de seleção através de radiografia. Além disso, esses animais aprovados também o devem ser no exame dos descendentes. Não basta só ter articulações coxofemorais normais, pois animais nesta condição podem transmitir o problema para os descendentes.

Relatos registram mais ou menos 92% de filhotes anormais, quando pais displásicos são cruzados entre si.

É preciso deixar muito claro que todos animais, com exceção dos A, sem sinais de displasia coxofemoral (HD-), tem displasia, em menor ou maior grau. Para fins de reprodução, atualmente é permitido o acasalamento dos animais pertencentes às três primeiras categorias, ou seja, A (HD-), B (HD+/-) e C (HD+). Neste caso sugere-se que, se a fêmea for C, displasia coxofemoral leve (HD+), que ela tenha excelentes características do padrão da raça, como por exemplo conformação e temperamento, superando assim a deficiência das articulações. Esta fêmea acasalaria com um macho A, sem sinais de displasia coxofemoral, (HD-). Salientamos que o sugerido para a fêmea não seja aplicado ao reprodutor, já que ele transmitiria a displasia para um número muito maior de filhotes. A reprodutora, durante sua fase de reprodução, produz "x" filhotes em algumas gestações, enquanto que o macho acasala "n" cadelas, cada uma delas com algumas gestações e cada gestação com "x" filhotes. Para complementar, mencionaríamos o fato de que cães levemente displásicos tendem a transmitir displasias discretas.

Muitas pessoas possuem um cão displásico e não sabem. Ao contrário, acham inclusive impossível que seu animal possa ser portador de tal anomalia. Alegam que o cão corre o dia inteiro, salta alturas enormes sem parar. Tudo isso é possível, mas não exclui a possibilidade de má formação. Deixamos aqui algumas sugestões, que com certeza serão de muita valia:

  • Evitar pisos lisos;
  • Colocar a cadela com seus filhotes recém nascidos sobre uma superfície levemente rugosa, como por exemplo a face áspera do Eucatex, para que o filhote possa se locomover melhor, sem escorregar. O material áspero não deve traumatizar o filhote;
  • Recomenda-se, a partir dos três meses de idade, a natação, com o intuito de fortalecer a musculatura pélvica, única estrutura de tecidos moles, que auxilia na manutenção da articulação, que pode ser trabalhada (aumentada);
  • Principalmente até um ano de idade, evitar ao máximo a obesidade;
Cuidados no posicionamento, fazem-se extremamente necessários para uma verdadeira avaliação das articulações coxofemorais para o diagnóstico da displasia canina.
  • Exercícios precoces não só podem provocar displasias como artroses. Muitas pessoas tem o costume de exercitar seu cão andando de bicicleta e o que é pior, andando de carro e o animal tendo que acompanhá-lo pelo lado de fora.

Será que estas pessoas não estão ultrapassando os limites de seu cão?

UMA RADIOGRAFIA PERFEITA

Para se realizar uma radiografia das articulações coxofemorais, para o diagnóstico da displasia canina, faz-se necessária preferencialmente a anestesia geral de curta duração, de 10 a 15 minutos, de tal forma que o paciente esteja livre de qualquer reação, para um posicionamento correto. O animal é colocado em decúbito dorsal (de barriga bem para cima), com os membros posteriores estendidos caudalmente, de igual comprimento, paralelos entre si e com a coluna vertebral, rotacionados medialmente (para dentro).

A pelve deve estar paralela à superfície da mesa, ou seja, sem inclinação. Uma calha, utilizada para deitar o animal no seu interior, com a pelve fora desta, é de grande valia, para se obter uma radiografia de posicionamento adequado. Portanto, a calha é um acessório muito importante para este tipo de exame.

Fonte :

cinobras